segunda-feira, 25 de outubro de 2010

493 anos da Reforma: Voltemos à cruz! Voltemos ao Evangelho


31 de outubro 2010: 493 anos da Reforma Protestante
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No próximo domingo, dia 31 de outubro será comemorado o dia da Reforma Protestante. Neste dia, em 1517 o monge alemão Martinho Lutero conclamou a Igreja de então a uma reforma em seus valores morais e éticos, publicando as suas 95 teses na porta da Igreja do Castelo em Wittenberg. Inicialmente o problema principal eram o abuso cometido pela venda das indulgências com o objetivo da reconstrução da Basílica de São Pedro em Roma, sob a tutela do papa Leão X. Por causa de suas 95 teses Lutero foi considerado herege; em 1518 é chamado para defender-se. Indo além das críticas as práticas dos vendedores de indulgências, Lutero começou a expor seu pensamento teológico condenando várias práticas da Igreja medieval. Diante de tudo isto, em 1520 foi excomungado pela Igreja Católica Romana, confirmada na bula papal Decet Romanum Pontificem  em 03 de janeiro de 1521. Lutero e seus seguidores foram excomungados pelo papa, mas Deus jamais abandona aqueles que se voltam para Ele.
As idéias luteranas alcançaram além da Alemanha outros lugares da Europa, outros reformadores apareceram, no entendimento deles estavam não causando um cisma, uma ruptura, mas trazendo a Igreja de volta aos seus princípios evangélicos já que havia se desviado deles [no entendimento dos reformadores]. Hoje milhões de pessoas em todo o mundo adoram a Deus em igrejas oriundas da Reforma ou influenciadas por ela. 
Hoje olhando para a Igreja que se diz evangélica em nosso país, a decepção bate à porta do meu coração.
É lamentável o que vemos, e de uma forma tão escancarada na televisão e em todos os lugares; pastores [será que são mesmos pastores?] literalmente fazendo do evangelho de Jesus um comércio e um ganho de vida e státus pessoal. As vezes fico imaginando que a qualquer hora Jesus vai aparecer com um grande chicote e expulsar estes vendilhões do templo. De fato isto acontecerá, naquele Dia, quando todos os falsos mestres serão julgados e ouvirão o Senhor dizer "Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal!"[Mt 7.23]
É preciso reavivar entre nós a pregação da cruz, do Evangelho de Jesus, sem barganhas com Deus. Sem cruz não há Evangelho. O que vemos hoje em nosso país é digno de lamento [e por não dizer de vegonha mesmo], o Evangelho simples de Jesus Cristo sendo substituído por uma pregação pragmática e totalmente antropocêntrica, onde Deus deixou de ser o centro principal do culto cristão, sendo substituído pelo culto à personalidade, numa verdadeira idolatria velada e imoral. A mensagem da salvação sendo substituída e uma falsa mensagem sendo vendida literalmente em nossos púlpitos. A pureza do Evangelho da Graça sendo substituída pelo misticismo pagão que tanto mal causou a Igreja nos séculos passados. É necessário voltar-mos à cruz. É justo que assim se faça.  É necessário que escancaremos as portas de nossos templos para que todos em toda parte possam  vir adorar a Deus de uma forma livre, sem a prisão de uma liturgia teatral que apenas serve para agradar nosso ego. Que convoquemos urgentemente os marginalizados por esta sociedade implacável  onde  a regra geral é que o mundo pertence aos mais fortes. Que os convidemos a ceiar conosco e nosso Pai. Há uma mensagem de esperança e fé que precisamos reavivar em nossos templos, não digo que devemos esquecer a mensagem do Apocalipse, sim  é verdade, nosso Senhor Jesus está as portas, porém é preciso  deixar de pregar uma mensagem de medo, onde o  Apocalipse foi transformado em um livro sombrio e sem esperança, onde a desgraça e o medo imperam absolutos, quando na verdade a mensagem do Apocalipse é de esperança e de certeza: "Ele enxugará dos nossos olhos toda lágria, não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou" [Ap 21.4]. 
É urgente restaurar-mos em nossa pregação a mensagem da Graça de Deus. Não uma Graça barata, onde libertinagem é confundida com liberdade. Sim, sejamos santos, não para sermos melhores ou mostrar o quanto somos espirituais, mas simplesmente porque este é o resultado inevitável na vida do salvo. Abandonemos este outro “Evangelho”  enfermo de práticas místicas.  Abandonemos o “Evangelho” do sal grosso, da rosa ungida, dos lenços ungidos. Isto não é Evangelho. Não é cruz, não é Graça, é desgraça que acorrenta  as ovelhas a uma dependência cada vez mais do palpável, do toma lá da cá da avareza irrefreada que invadiu nossos templos. Que possamos nos despir de nossa idolatria denominacional, que tenhamos em mente que a Igreja do Senhor é infinitamente maior que nossas placas denominacionais, onde a multiforme Graça De Deus têm se manifestado além de nossas fronteiras. Aliás, sugiro que removamos todas as fronteiras que nos separam, derrubemos os muros que foram construídos pelo nosso egocentrismo de achar-mos que Cristo está apenas em nós. Cristo não está dividido. Porém, nós O temos dilacerado quando teimamos em construir muros que a Graça e o grande amor do Pai já derrubaram na cruz. É preciso tirar nosso ego do trono, para que o legítimo Soberano possa reinar absoluto, em nosso falar, em nossos atos.
Enfim, oro a Deus para que as palavras aqui escritas não fiquem apenas na idéia, mas que tornem-se praticáveis em meu viver diário, e no viver de todos aqueles que anseiam por viver um cristianismo mais próximo da mensagem do Senhor Jesus e de Seus primeiros seguidores. Que possamos viver Cristo em todos os dias de nossas vidas, amando a Deus sobre todas as coisas e nosso próximo [e quem sabe aquele que pensamos está distante, Lc 10.25-7] como a nós mesmos.
Que sejamos cartas vivas de uma nova história. Que possamos refletir a cruz de Cristo, a cruz que que nos mostrou até onde o Senhor  foi por amor à Sua Igreja.
"Ecclesia reformata et semper reformanda est" [uma igreja reforma está sempre se reformando]

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 "Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Assim como cada um de nós tem um corpo com muitos membros e esses membros não exercem todos a mesma função, assim também em Cristo nós, que somos muitos, formamos um corpo, e cada membro está ligado a todos os outros."
[Epístola do Apóstolo Paulo aos Romanos, cap. 12 versículo de 1 a 5]
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A paz do Senhor Jesus Cristo seja com todos os irmãos em todos os lugares!

Shalom! ;)
Autor: Marcello, do blog: Um Surto de Alegria